Gino Paullucci Jr.*
Na última semana do mês de fevereiro, O IBGE divulgou os dados de desempenho da economia brasileira do 4º trimestre de 2023. Na comparação do trimestre contra o trimestre imediatamente anterior, houve variação neutra de 0,0%, resultado dentro das expectativas do mercado, mas na comparação com igual período de 2022, o crescimento do PIB foi de 2,2%, registrando um crescimento de 2,9% no acumulado nos quatro trimestres, terminados em dezembro de 2023, frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
O PIB totalizou R$ 10,9 trilhões em 2023. O PIB per capita alcançou R$50.193,72 em 2023, um avanço real de 2,2% ante o ano anterior. No entanto, a taxa de investimento em 2023 foi de 16,5% do PIB, enquanto em 2022 registrou 17,8% e a média dos países em desenvolvimento deve ficar em torno de 25%, para que haja um crescimento sustentável, sem pressão inflacionária, ou seja, a taxa de investimento no Brasil está muito aquém do que o país precisa para crescer.
Essa taxa de investimento, também conhecida como Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), é um indicador econômico que representa os gastos realizados pelas empresas e pelo governo na aquisição de bens de capital, como máquinas, equipamentos, construção civil e pesquisa e desenvolvimento. Segundo os economistas, esses investimentos são essenciais para o crescimento e a modernização da economia.
A taxa de investimento de 16,5% do PIB em 2023 foi a mais baixa para um fechamento de ano desde 2019, quando foi de 15,5%, o que mostra que o Brasil enfrenta dificuldades com a Formação Bruta de Capital Fixo. Dentro dessa realidade que vivemos, durante todo o tempo, nos manifestamos que o grande problema de 2023 era a baixa nos investimentos, uma vez que eles representam o PIB futuro, ou pelo menos o PIB potencial. Assim, consideramos importante que o BC tenha iniciado o ciclo de queda dos juros, que deve ser intensificado. O Copom reduziu a SELIC no começo deste ano para 11,25% e novos cortes estão previstos, com a maioria dos agentes de mercado esperando algo em torno de 9,0%.
A redução dos juros é uma medida de extrema importância para o setor industrial, uma vez que influencia diretamente os investimentos, a produção e a capacidade de expansão das empresas, que necessitam de recursos financeiros para estarem atualizadas com as últimas tendências e avanços tecnológicos de modo a se manterem competitivas em um mercado globalizado.
No entanto será necessário mais. Entre as ações necessárias estão a aprovação do PL da Depreciação Acelerada e do PL que cria a LCD (Letra de Crédito do Desenvolvimento) para captação de recursos pelo BNDES. Para 2024 a maioria dos analistas trabalham com um crescimento na faixa de 1,5% a 2%, mas existe um viés de alta nos números, neste início de ano.
Há ainda outros fatores que podem influenciar positivamente o desempenho econômico, como as políticas públicas de ampliação dos investimentos em inovação por meio de taxas de juros inferiores às de mercado. Se tudo ocorrer como o previsto, a tendência é de maior crescimento do PIB, com ajuda importante dos investimentos, construção civil e da indústria de transformação, principalmente no segundo semestre, onde os efeitos da queda dos juros estarão mais presentes na economia.
*Gino Paulucci Jr é engenheiro mecânico, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ