Médico endocrinologista diz que é possível ser saudável em uma dieta sem carne, mas é preciso observar alguns pontos para que não faltem nutrientes ao organismo
Flavio Cadegiani |
Nesta quarta-feira (20/3), é celebrado o Dia Mundial Sem Carne, iniciativa que visa chamar atenção da população para o consumo excessivo de carne no mundo. No Brasil, uma pesquisa feita pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e conduzida pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) apontou que cerca de 40 milhões de pessoas se consideram vegetarianas atualmente – 20% da população nacional.
Mas, afinal, uma dieta sem carne pode ser saudável para o corpo? O médico endocrinologista Flavio Cadegiani aponta que sim, mas é preciso observar alguns pontos para que não faltem nutrientes ao organismo.
“Ingerindo proteína de fonte vegetal, a pessoa consegue ter praticamente o mesmo benefício de quem come carne. As proteínas de fonte animal podem ser um pouco superiores às de fonte vegetal, mas essa diferença pode ser compensada no aumento da ingestão proteica ou com uso de suplementos para os vegetarianos”, diz o doutor em endocrinologia clínica.
Conforme Cadegiani, “existem diversos estudos populacionais que mostram que uma dieta sem carne pode estar associada à redução de risco cardiovascular, redução de neoplasias e aumento na expectativa de vida”.
No entanto, o grande desafio é que muitos vegetarianos ainda acabam consumindo muito carboidrato e pouca proteína. “Isso pode levar a uma baixa massa muscular, que pode trazer inúmeros problemas”, alerta.
“Outro desafio é que as fontes vegetais de proteína tendem a ser ainda mais caras quando são processadas para virarem proteína. Para os vegetarianos que ainda consomem produtos de origem animal, como ovo e leite, existem fontes que são exclusivamente de proteínas. No caso das proteínas vegetais, como grão de bico e lentilha, há bastante proteína, mas também uma certa quantidade de carboidrato inerente”, acrescenta Cadegiani.
Tipos de vegetarianismo
O vegetarianismo é um regime alimentar baseado no consumo de alimentos de origem vegetal, mas apresenta diferentes vertentes. Os principais tipos de vegetarianismo são:
- Ovolactovegetarianismo: ovos, leite e laticínios inclusos na alimentação;
- Lactovegetarianismo: leite e laticínios inclusos na alimentação;
- Ovovegetarianismo: ovos inclusos na alimentação;
- Vegetarianismo estrito: dieta sem nenhum alimento de origem animal;
- Veganismo: vai além da alimentação. Trata-se de um estilo de vida sem consumo de qualquer tipo de produto que explore animais.
Suplementação é mais que bem-vinda
Especialista em endocrinologia e metabolismo pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM), Flavio Cadegiani explica ainda que é importante ter atenção com a vitamina B12, encontrada em fontes animais.
“Os ovolactovegetarianos conseguem ingerir essa vitamina através do ovo, do leite e derivados. Mas, no caso do vegano, é muito mais difícil obter B12. Então, a suplementação é mais que bem-vinda aqui”, diz.
“Ingerir mais vegetais, frutas, leguminosas; tomar suplemento de B12, Whey Protein e creatina é ótimo para a saúde de quem tem uma dieta sem carne”, complementa o médico.