Iniciativa de abordar o tema, dentro das corporações, pode
garantir bem estar dos trabalhadores e evitar futuros processos judiciais
Os trabalhadores brasileiros estão estressados, muitos
com ansiedade e depressão. As demandas crescentes, a pressão por resultados, a
insegurança no emprego e a complexidade das relações profissionais são alguns
dos fatores que contribuem para esse preocupante quadro de saúde mental.
Segundo estudo realizado em 2023, pela plataforma Vittude, 33% dos
colaboradores avaliados apresentam algum tipo de transtorno mental em nível
severo ou extremamente severo.
Segundo a advogada Adriana Belintani, especialista em
saúde mental, muitos desses problemas se desenvolvem ou se agravam no ambiente
do trabalho e as pessoas acabam entrando com ações judiciais em busca de
reparação financeira pelos danos causados. “Esses trabalhadores chegam doentes,
com ansiedade, estresse e depressão. Muitas vezes buscam a Justiça porque estão
até sem condições de retornar às suas atividades”, diz.
A advogada defende que o trabalho deve proteger e não
adoecer e considera importante que as empresas falem sobre esse tema, promovam
palestras e tenham cartilhas de boa conduta. Tudo para garantir a saúde mental
dos funcionários e evitar ações trabalhistas relacionadas a esse problema.
“Iniciativas simples, como remodelar o ambiente de
trabalho, já pode fazer com que todos se sintam protegidos e amparados. Além
disso, é preciso que a empresa fomente uma cultura organizacional que valorize
o respeito, a empatia e o apoio mútuo”, indica a especialista.
Segundo Belintani, cada vez mais fica difícil separar
o pessoal do profissional, ou seja, não é porque você está no trabalho, que não
está preocupado com os problemas de casa, e a empresa pode ajudar a reduzir o
estresse para promover um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. “Uma
dica seria considerar a implementação de políticas que apoiem, por exemplo, a
flexibilidade de horário ou a liberdade de, eventualmente, fazer homeoffice”,
sugere.
A advogada aponta outra iniciativa que pode fazer
muita diferença, para criar um ambiente saudável, que é o feedback construtivo.
“Ele se concentra em oferecer insights e sugestões que ajudam os funcionários a
entenderem suas forças, áreas de melhoria e a aprimorarem suas habilidades”.
Ainda, de acordo com a especialista, existem muitos
preconceitos em relação à saúde mental e, por isso, é importante que as
empresas ajudem a tirar o estigma sobre o problema. “Minha orientação, nas
palestras que dou em empresas, é que os gestores tenham consciência da
importância dessa prevenção e forneçam recursos para a saúde mental, como
sessões de aconselhamento, assistência psicológica ou programas de bem-estar
mental. Essencial também é que os funcionários estejam cientes desses recursos
e se sintam confortáveis em usá-los, sem estigma”, finaliza.
Sobre Adriana Belintani-
Advogada especialista em saúde mental com mais de 20 anos de atuação nas áreas
trabalhista e previdenciária. Com escritório sediado em Pindamonhangaba,
interior de São Paulo, Belintani tem
clientes em todo o Brasil e atende principalmente processos de trabalhadores
que desenvolveram alguma doença
referente à saúde mental por conta do trabalho, que tiveram algum acidente na empresa ou algum tipo de doença
ocupacional. A profissional ainda atua
fortemente na divulgação e no esclarecimento dos motivos que levam as pessoas a
adoecerem no ambiente do trabalho.